A vida do homem preto perpassa por várias questões. O que trago aqui pra refletirmos juntos é sobre a masculidade, que com o passar do tempo se transformou em masculidade tóxica.
O machismo foi inteiramente idealizado, estruturado, exercido e mantido pelos homens brancos, e caminha lado a lado com a homofobia, sendo parte de um sistema patriarcal hegemônico, tido como modelo de civilização que impõe poder, disputa e controle sobre tudo, desrespeitando por acharem que são superiores, e tira de homens pretos a humanidade. Não se pode negar que homens pretos experimentam todos os dias o machismo, mas é importante pontuar que isso não se originou deles. E porque dizer que homens brancos idealizaram a masculidade tóxica, e homens pretos não?
A reposta é simples, a África é matriarcal.
Como dito anteriormente sabemos que essa masculidade que é toxica não se originou nem foi idealizada por homens pretos, são várias formas violentas de tentativas de desumanização, coisificação e animalização dos corpos de homens negros através da diáspora forçada, a qual desencadeou processos de (re)invenções e readaptações de suas respectivas identidades, masculinidades e sexualidades.
Os homens negros não obtém nenhum tipo de benéficio ou vantagem sobre isso, ou seja, dentro dessa masculidade tóxica que é de origem ocidental, o homem negro é inserido desde sua infância num contexto de guerrilha, onde ele é a face do inimigo, intensificando e ampliando assim as provabilidades desse homem adquirir atitudes e expressões violentas dentro sua masculinidade e virilidade. O corpo preto nessa sociedade é tido como a maior ameaça de uma sociedade que por sua vez é genocida.
Pesquisas apontam que os homens negros são os que mais:
Morrem pelos policiais;
São acusados de roubos ou furtos;
São condenados sem provas.
São ligados à imagem de estupradores. Inclusive o fato do homem preto ser ligado um homem estuprador é um mito equivocado.
É criada uma imagem de que o pai negro não valoriza a paternidade
como algo divino e inspirador.
Nessa sociedade racista eurocêntrica há um apagamento constante da sensibilidade, afeto e sentimentos do homem preto, prevalecendo a narrativa de que eles não sentem e que não são afetuosos com seus filhos, sendo postos pela sociedade como inimigos das mulheres pretas.
Grande parte dos homens
que não conseguem arcar com pensão alimentícia são negros.
As condições econômicas de muitos desses pais negros que não vivem com seus filhos, se comparadas com as condições financeiras de homens brancos nem sequer se aproximam, essa população recebe menos que as pessoas brancas, independente do nível de escolaridade pesquisas apontam que tanto nas ocupações formais quanto nas informais, trabalhadores brancos recebem consideravelmente mais que pretos, portanto, as mulheres negras são as mais prejudicadas nesse país.
Mulheres negras têm um rendimento salarial abaixo da metade da renda do homem branco, e isso por que "O BRASIL NAO É UMA PAÍS RACISTA"!
Muitas mulheres negras se tornam mães solos criando seus filhos com muito esforço, na maioria das vezes recebendo menos que um salário mínimo. Situação essa que não deveria ser romantizada, pois é cruel e de uma covardia sem igual. Privar uma criança desse convívio e não dividir essa responsabilidade com a mãe, pois ser pai é muito mais que um registro.
Esse texto não tem como finalidade "passar pano" para homens negros, e sim gerar uma reflexão acerca das complexidades que perpassam por esse corpos. Se pudermos parar para refletir sobre a palavra TÓXICO iremos obter a seguinte resposta: "O que produz efeitos nocivos".
Agora lhes pergunto:
-Nocivo pra quem?
Para todos, inclusive para ele mesmo!
É de suma importância saber que sim! É possível a cada dia a desconstrução constante do machismo que feri, oprime e mata.
- ADA KOFFI
(Dançarina, Coreógrafa, Cantora, Produtora e Ativista, Pesquisadora Empírica sobre Africanidades e Irmã Fraterna Fundadora da FPU)